Construtores de Montículos: Adena, Hopewell E Mississippian

Após a conquista da América do Sul, os primeiros exploradores espanhóis encontraram civilizações indígenas ricas e complexas. Em contraste, os vastos territórios da América do Norte parecem intocados e desprovidos de qualquer sociedade verdadeiramente organizada.
Populações indígenas esquecidas?
No século 18, os pioneiros, que cruzaram os vales do Mississippi e Ohio, ficaram surpresos ao encontrar curiosos montes de terra cobertos de arbustos e árvores.
Logo foram descobertos montes semelhantes em todo o centro e sul dos Estados Unidos. Alguns desses montes representam animais gigantes, enquanto outros são pirâmides com a extremidade plana (Temple Mounds) e cuja base se estende por vários quilômetros. Alguns ainda formam cones com cerca de trinta metros de altura.
Rapidamente fica claro que esses montes não são de origem natural, mas foram construídos pelo homem. Essa descoberta contraria o conhecimento da época sobre os primeiros índios norte-americanos, apresentados como caçadores semi-nômades ou pescadores, às vezes fazendeiros, cuja civilização parece pouco avançada.
Os colonos também descobriram, principalmente na região do rio Ohio e suas confluências e próximo à futura cidade de Newark, no estado de Ohio, paredes de terra com cerca de 5 metros de altura definindo zonas circulares, octogonais e retangulares que podem se estender por mais de 40 hectares. Questiona-se então se esses lugares não abrigaram uma cultura indígena hoje desaparecida. Essa suposição é reforçada por uma nova descoberta.
Uma sociedade avançada que praticava ritos funerários
Dentro desses antigos montes indígenas foram encontrados uma grande quantidade de objetos que comprovam a habilidade de seus criadores: gravuras em pedra, conchas finamente trabalhadas, cachimbos em forma de pássaros, mãos e cobras feitas de mica, cachimbos entalhados e cerâmica. Ossos foram colocados próximos a esses objetos: seriam esses túmulos?
Como em outras civilizações com crenças semelhantes (no Egito, por exemplo), esses objetos são enterrados com o falecido para segui-lo em sua vida futura. As pirâmides altas e planas parecem ser edifícios religiosos e os montes em forma de animais têm uma função ritual. Quanto às paredes de terra, provavelmente tiveram que circunscrever espaços sagrados.
Mais tarde, descobrimos um local onde uma grande cobra ondulante, com 407 m de comprimento, conhecida como Monte da Serpente, é desenhada. Mas é só com o surgimento da fotografia aérea, a única capaz de dar uma visão geral, que o desenho pode ser apreciado em seu verdadeiro valor.
Reconhecimento de construtores de montes gigantes
Todas essas construções obviamente pertencem a civilizações anteriores à conquista espanhola, mas o nome e a origem desses construtores, apelidados de “Mounds Builders”, ainda não são conhecidos.
Várias teorias foram apresentadas, algumas bastante fantasiosas, como a que vê a obra de vikings que teriam chegado à América muito antes de Cristóvão Colombo. Ninguém, por outro lado, pensou que essas culturas pudessem ser a dos índios americanos: seus descendentes pareciam de fato incapazes de produzir obras de arte semelhantes.
Porém, em 1839, o etnólogo Samuel Morton, que examinou muitos crânios encontrados nos montes, prova que são idênticos aos dos índios do século XIX: os montes são, portanto, sem dúvida, obra de seus ancestrais. Os relatos de um certo Hernando de Soto (1499-1542), que afirma ter visto índios no sudeste dos Estados Unidos construirem montes semelhantes, corroboram sua teoria.
Mas esse testemunho só foi descoberto tarde, e as conclusões de Morton permanecem contestadas por muito tempo. Só em 1881, e com o estabelecimento pelo Congresso Americano de uma comissão de inquérito liderada pelo arqueólogo S. Thomas que acreditava na teoria de uma população desaparecida, que a autoria desta cultura de montículos foi finalmente reconhecida como pertencente ao Norte Índios americanos.
Quem eram esses construtores de montículos?
Índios adena
Os primeiros construtores de montículos conhecidos foram os Adenas. Esta cultura, ilustrada por numerosos túmulos, se desenvolveu e floresceu entre 1000 e 300 aC em Ohio, Kentucky, West Virginia, Pensilvânia e Indiana. Figuras importantes são enterradas em sepulturas de toras de madeira, totalmente queimadas durante os rituais fúnebres, antes de serem cobertas por um monte cônico. Os Adenas são responsáveis pelo incrível Monte da Serpente.
Cultura Hopewell
A partir de 300 aC, a cultura Hopewell desenvolve e aperfeiçoa a técnica dos montes. As construções tornam-se maiores, com paredes de 5 metros de altura. Os objetos encontrados nos montes atestam a existência de uma complexa rede econômica, social e religiosa. Os Hopewells exportam seus artesanatos em troca de materiais exóticos (conchas, obsidiana, dentes de tubarão).
Povo do Mississipio
O último grupo de construtores de montículos, os Mississippians, veio depois do período Hopewell. Esta cultura é caracterizada pelas pirâmides truncadas no topo das quais estão erguidos templos. Artesãos habilidosos, esses índios construíram montes até o século 16, mas sua cultura não sobreviveu à chegada dos europeus.
