Morte Do Faraó Ramsés III
A Conspiração do Harém
Em 1153 aC, Ramsés III, o último grande governante do Egito faraônico, morreu em condições desconhecidas. Nos meses que se seguiram, seu filho e herdeiro Ramsés IV julgou as mulheres de seu pai, acusadas de matá-lo.
Pelo bem de seu filho
O relato do julgamento, centrado em quatro papiros, o principal dos quais está preservado no museu egípcio de Turim (Papiro Judicial de Turim), traz à vida diante de nossos olhos uma instituição desconhecida, o harém do faraó. Unido a um grande número de mulheres, apesar do costume, Ramsés III falhou em escolher entre elas uma "Grande Esposa" cujo filho homem se tornaria seu sucessor normal. Mas ele nomeou um de seus filhos, Ramses - o futuro Ramses IV - para sucedê-lo. Essa escolha, que se baseia apenas na preferência do faraó, é facilmente questionável. Abre a porta para todas as intrigas, de mães que desejam ver reinar seus próprios filhos.
A conspiração do harém
No centro da conspiração do harém está uma concubina chamada Tiye. Tiye concebeu de Ramsés III uma criança chamada Pentawer. Para colocar Pentawer no trono, Tiye teria planejado o assassinato do faraó Ramsés III. Manobra hábil, conquistou para a sua causa, além dos companheiros de harém, o diretor e um certo número de funcionários da instituição, dignitários externos como um mordomo, um médico, um mordomo dos padres, o comandante das tropas de Kush, que é irmão de uma mulher de harém e, finalmente, um general. Ao todo, 28 homens e um número indeterminado de mulheres estariam envolvidos no complô para assassinar Ramsés III.
A prisão dos conspiradores
Eles também recorreram à magia. Um conspirador, usando um grimório precioso roubado da biblioteca real, fabrica figuras de cera nas quais ele pronuncia fórmulas mágicas; ele então os apresenta ao harém. Por fim, é marcada uma data para o assassinato do faraó: deve acontecer durante O Belo Festival do Vale, no palácio de Medinet Habu anexo ao Templo Mortuário de Ramsés III.
Os papiros preservados não nos contam como os eventos se desenrolaram, e a múmia de Ramsés III não apresenta nenhum vestígio de qualquer ferimento que mostre violência. Ramsés IV, tendo julgado os conspiradores, sugere que a trama, se não pudesse impor outro sucessor que não o escolhido por Ramsés III, seria fatal para o rei. A conspiração do harém, em todo caso, foi descoberta e seus membros presos.
Execução ou suicídio
O relatório do julgamento nos ensina que doze juízes, escolhidos por Ramses IV entre os maiores personagens, são encarregados de instruir o caso. A decisão dos juízes é lacônica e inapelável. Para cada acusado, retorna a mesma fórmula: "ele foi levado perante os juízes do tribunal; eles examinaram seus crimes; eles o consideraram culpado; fizeram sua punição recair sobre ele." A punição nada mais é do que a pena de morte. Pelo menos dezessete homens e seis mulheres são executados. Os outros, incluindo Pentawer, filho de Tiye, são "condenados ao suicídio". A sentença desta vez é expressa da seguinte forma: “Eles o deixaram onde estava; ele tirou sua vida.” Estranhamente, Tiye, citado como o instigador da conspiração do harém, não aparece nas listas dos acusados. Será que ela se matou na hora do fracasso da trama?
Conspirações de harém no Egito Antigo
A instituição do harém escondeu problemas várias vezes na história da realeza faraônica. Já, por volta de 2300 aC, mais de onze séculos antes da morte do faraó Ramsés III aqui mencionado, o rei Pepi I havia condenado no maior sigilo uma rainha, cujo nome não é mencionado, por conspirar contra ele. Em 1962 aC, um cenário idêntico a este leva ao assassinato do rei Amenemhat I. Existem alguns detalhes sobre os eventos. As mulheres do harém apoiaram o filho de uma delas contra o herdeiro legítimo. Eles subornaram parentes do governante reinante para o assassinato. O crime foi perpetrado durante a noite, enquanto Amenemhat dormia e, na ausência de seu sucessor nomeado, foi para a guerra contra os líbios. Mas, como em 1153, a trama fracassou: o retorno antecipado do herdeiro permitiu-lhe salvar sua coroa.
